As Flores E O Louco
Fabio Brazza
3:58Tá vendo a maldade do branco, tá vendo o chicote que estrala Tá vendo o batuque do banto e o canto que vem da senzala Um povo que já sofreu tanto e ainda assim não se abala Portanto eu já te garanto, amigo, não tem opressão que lhe cala A reza e a fé no seu santo, o jeito que a gente fala De fora até causa espanto, no entanto seguimos que nem mestre-sala Eu caio, mas eu me levanto, a arte é a prova de bala É parte do nosso encanto, não tem um país que se iguala, não Nem tudo que é do Brasil é daqui do Brasil, nega Mas tudo o que é do Brasil não se pode o Brasil negar Nem tudo que é do Brasil é daqui do Brasil, nega Mas tudo o que é do Brasil não se pode o Brasil negar E o samba que é da Bahia não veio de lá, de lá E antes de ter Português já tinha Guarani aqui E esse Brasil que a gente hoje chama de lar, de lar Nem é assim que se chama, antes era Pindorama Tupi (Nem é assim que se chama, antes era Pindorama Tupi) Esse batuque que a gente rebola vem lá de Angola de Congo, Cabinda e Cambondo Preto quilombola bole feito mola se embala na ginga do jongo Não tem ginga dura, swinga a cintura, é nosso coringa, é mandinga pura Seu santo é forte que nem pinga pura e cura o que nem a seringa cura Não posso negar, eu sou brasileiro, eu sou o tambor do terreiro Mas também sou o grito de dor que ecoou pelo cativeiro Eu não posso negar meu roteiro, não, será que um dia a gente vai pagar Por todo pecado do nosso passado que não se pode apagar jamais? E desde a cultivo de cana que o preto ainda vai em cana Mas a mão tirana e toda desgraça vai virar fumaça na raça da raça africana Não se pode negar o passado hostil, mas podemos mudar o presente Vamos Brasil, quebra o quadril, mas quebra de vez a corrente, vai Nem tudo que é do Brasil é daqui do Brasil, nega Mas tudo que é do Brasil não se pode o Brasil negar Nem tudo que é do Brasil é daqui do Brasil, nega Mas tudo que é do Brasil não se pode o Brasil negar Nem tudo que é do Brasil é daqui do Brasil, nega Mas tudo que é do Brasil não se pode o Brasil negar Nem tudo que é do Brasil é daqui do Brasil, nega Mas tudo que é do Brasil não se pode o Brasil negar Negar, negar, negar É preciso saber de onde a gente veio Pra saber pra onde é que vai, pra saber como é que tá Mãe lusitana e africana, meio a meio Mas também bebi no seio da madre Tupinambá Filho bastardo sem direito à orfanato Vi o capitão do mato matar mulato na marra Estupefato com tanto assassinato A favela é só o retrato de um mal que não desgarra E o candidato no mandato faz contrato Praticando estelionato numa audácia tão bizarra Mais uma vez, é o povo que paga o pato Lava mão e lava jato e o país vira uma farra Um triste fato, quem dera fosse boato Porém esse é o relato que a realidade narra E o nossa gente aprende com o desacato Dá um jeito, faz um gato e arranja uma gambiarra Ou eu combato esse mal de imediato Ou também como no prato dessa mesma algazarra Pra ser sensato, eu sou brasileiro nato E não vou deixar barato essa mão que nos amarra Hey, hey, hey, hey, hey, hey