O Velho E A Flor
Toquinho
4:22O meu vizinho do lado Se matou de solidão (Coitado do seu Alfredo eu me lembro tão bem dele) Abriu o gás o coitado (Vizinho do lado como diz a canção) O último gás do bujão (Omisso humilde) Porque ninguém o queria (Parecia não ter passado nem presente) Ninguém lhe dava atenção (Nem futuro nenhuma dessas coisas) Porque ninguém mais lhe abria (Durante toda vida não teve nenhuma complacência) As portas do coração (Um solitário total eu não sabia até que ponto até o ponto) Levou com ele seu louro (Que o levou a se matar) E um gato de estimação Tem dias que eu fico pensando na vida E sinceramente não vejo saída (Há esse foi um samba que eu e ele fizemos na Bahia) Como é por exemplo que dá pra entender Um período lá e que de princípio não dei muita importância a ele A gente mal nasce começa a morrer (E depois foi crescendo consideravelmente) Depois da chegada vem sempre a partida (Na minha opinião e na minha estima) Porque não há nada sem separação Sei lá sei lá a vida é uma grande ilusão Sei lá sei lá só sei que ela está com a razão Ninguém nunca sabe que males se apronta Fazendo de conta fingindo esquecer Que nada renasce antes que se acabe O sol que desponta tem que anoitecer De nada adianta ficar-se de fora A hora do sim é o descuido do não Sei lá sei lá só sei que é preciso paixão Sei lá sei lá a vida tem sempre razão Ele era um menino valente e caprino (Ai eu conheci esse menino) Um pequeno infante sadio e grimpante (Conheci ele desde pequenininho) Anos tinha dez e asas nos pés (Ele era um menino muito levado namorador briguento) Com chumbo e bodoque era plic e ploc (Isso na praia de onde morava nessa ocasião) O olhar verde-gaio parecia um raio (Onde ele passava suas férias e eu me lembro muito bem dele) Para tangerina pião ou menina (Era um garoto simpático) Por isso fazia seu grão de poesia E achava bonita a palavra escrita Por isso sofria de melancolia Sonhando o poeta que quem sabe um dia Poderia ser