A Volta Do Tordilho Negro
Walther Morais
3:30Numa tarde mormacenta Ao tranquito no banhado Vai um gaucho num mouro Atrás dum cusco assoleado De vez em quando o cusquito Olfateando rastreia um trilho E volta pra sombra do pingo Que segue o rumo tranquilo O mouro vara uma sangua Com a água acima do flanco Saltando pingos de prata Até chegar no barranco Como uma estrela cadente Surge um martim pescador Se vai levantando no bico Um lambari descarnador Dispara um lote de avestruz Pela várzea desparelha Enquanto as nuvens do céu Lembram um rebanho de ovelhas Um João grande solitário Pensativo e ensimesmado Fica a pescar as tristezas Na solidão do banhado É lindo olhar pro Rio Grande numa tarde de céu azul Não tem nada mais bonito que o infinito Beijando os campos verdes do sul É lindo olhar pro Rio Grande numa tarde de céu azul Não tem nada mais bonito que o infinito Beijando os campos verdes do sul Um bando de quero-quero Revoa a planície rasa Que nem uma tribo alada De lança embaixo da asa Lá no alto, no azul do céu Cruza uma garça voando Parece um lenço de adeus De algum amor acenando Um corujão tresnoitado Solta um grito de mau agouro Enquanto a tarde se vai Levando um gaúcho num mouro É lindo olhar pro Rio Grande numa tarde de céu azul Não tem nada mais bonito que o infinito Beijando os campos verdes do sul É lindo olhar pro Rio Grande numa tarde de céu azul Não tem nada mais bonito que o infinito Beijando os campos verdes do sul