Tropa De Osso
Luiz Carlos Borges
4:10Ouvi dizer que a milonga Andava com a espinha torta Ouvi dizer que a milonga Andava com a espinha torta E até ouvi comentários Que a milonga estava morta Então quem foi que esta noite Veio golpear minha porta? Então quem foi que esta noite Veio golpear minha porta? Acordei de madrugada Inquieto e meio nervoso E fui terminar o pouso Abraçado na guitarra Parecia uma fanfarra A mescla de corda e voz Uma milonga entre nós E eu grudado na guitarra Só lá pelas 4h30 Já na madrugada longa Eu controlei a milonga Sem entortar harmonia Enquanto ela me dizia Num tom grave, mas sincero Ou tu canta como eu quero Ou não vê clarear o dia Tum, tum, tum, tum, tum, tum A milonga repetia E eu não chorava nem ria Com os olhos que eram braseiro Mas quem nasce milongueiro Mesmo com a vida num fio Não refuga desafio E nunca corre primeiro E as horas foram passando E eu já parecia outro Ela viu que eu era potro Mas disse: Não te amedronta Ninguém venceu faz de conta Que aqui nada se passou Mas quando o sol apontou Eu tinha a milonga pronta E ainda meio cansado Depois desse pega e solta Com jeito campeei a volta Antes que ela fosse embora E perguntei sem demora Porque eu sou curioso assim Conta em segredo pra mim Onde é que a milonga mora? E a milonga então me disse Não é segredo, parceiro Já morei com o missioneiro Que tinha na alma um violão Eu durmo em qualquer galpão E desperto com a boieira Mas se tu for da fronteira Eu moro em teu coração E não pude mais contê-la Quando enveredou pra porta Me gritando: Eu não tô morta! E pra frente há muita lida Por ora estou de partida E a razão pouco me importa Mas volto a golpear tua porta Porque o teu rancho tem vida Nem cuidei de despedida Senão o pranto me agarra Afinei bem a guitarra E num dedilhado assim Pelo pago me perdi Conforme a milonga manda Eu não sei onde ela anda Mas foi quem me trouxe aqui Eu não sei onde ela anda Mas foi quem me trouxe aqui